Infelizmente, os índices de obesidade infantil e na adolescência vem crescendo em níveis assustadores e isso, em geral, não é tratado com a seriedade que merecia.
Muitos pais e responsáveis acreditam que é somente uma fase, ou se importam pouco; e mesmo os que se preocupam e se importam podem ter atitudes que pouco ajudam, culpando ou julgando ou jovem, sem uma real discussão sobre quais as melhores abordagens e como mudar o ambiente familiar, e não apenas as escolhas individuais.
A obesidade na infância e adolescência está associada a obesidade em idades maiores, maiores riscos de doenças, mas, principalmente, afetam diretamente a qualidade de vida atual. Um estudo já antigo, publicado no JAMA, mostra que quando se analisa aspectos de qualidade de vida, crianças com obesidade grave tiveram resultados piores em todos os parâmetros avaliados. Como exemplo, há 5x mais chance de pior desempenho físico (o que leva a um círculo vicioso de se evitar ainda mais esportes); mais faltas na escola, é pior resultado psicossocial.
Como ilustração, os resultados de qualidade de vida podem se assemelhar ao de crianças que fazem tratamentos quimioterápicos.
Mais do que gerar depressão e mal estar, esse post tem como objetivo que encaremos a obesidade como se deve: como doença crônica, mas com enorme foco e respeito ao indivíduo, que não é culpado pela sua doença. Na realidade, quanto mais precoce for a obesidade, maior a chance de ter base genética forte.
Os pais devem ajudar, buscando tratamentos sérios, que ajudem na auto-estima, que não julguem ou culpem o jovem e q também foque em mudança de ambiente.
Uso de medicações pode sim ser considerado, junto com um bom acompanhamento médico, nutricional e psicológico, e estímulo a exercícios. Não é nada fácil, e pode haver frustrações no caminho, mas não fazer nada é muito pior a longo prazo.
Ref: Schwimmer. Health-related QoL of severely obesa children and adolescents. JAMA 2003
Dr. Bruno Halpern | CRM-SP 124905 Endocrinologista RQE55372 Doutor em Medicina USP, vice-pres World Obesity Federation pela Am.Sul, diretor comunicação social SBEM
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